
A vitamina D, tradicionalmente conhecida por seu papel na saúde óssea, tem ganhado cada vez mais destaque por suas funções além da homeostase do cálcio. Estudos recentes revelam que essa vitamina desempenha um papel crucial em processos neurológicos e emocionais, atuando diretamente no cérebro e influenciando a síntese de neurotransmissores como serotonina, dopamina e noradrenalina. Além disso, evidências científicas sugerem uma relação significativa entre os níveis de vitamina D e a saúde mental, particularmente no que diz respeito à depressão. Neste texto, exploraremos como a vitamina D é metabolizada, sua atuação no sistema nervoso central e os impactos da suplementação na redução dos sintomas depressivos, com base em estudos clínicos e meta-análises recentes.
A vitamina D é primeiro convertida em 25-hidroxivitamina D [25(OH)D3], que é a principal forma circulante estável de vitamina D, e depois para o hormônio esteróide biologicamente ativo 1,25-dihidroxivitamina D. E seus níveis sanguíneos de 25(OH)D3 são controversos, pois levam em consideração apenas a função clássica da vitamina D que é a homeostase óssea, considerando deficiência abaixo de 20ng/ml (Patrick et al, 2015).
A vitamina D pode atravessar a barreira que protege o cérebro e atuar em diferentes regiões cerebrais, como o córtex pré-frontal e o hipotálamo. Ela também está relacionada à síntese de monoaminas (serotonina, dopamina e noradrenalina) que afetam o humor e as emoções, ajuda na modulação gabaérgica e proteção neuronal (Cheng et al., 2020
Em um estudo abrangente de 15 meta-análises, que incluiu 65 ensaios clínicos randomizados (ECRs) e 31 estudos observacionais (coorte e transversais), foi observada uma suplementação de vitamina D com dosagem superior a 5.000 UI/dia por um período de até 20 semanas. Os resultados mostraram efeitos na redução dos sintomas depressivos. Além disso, foi encontrada uma associação inversa entre níveis séricos mais baixos de vitamina D e depressão, especialmente em indivíduos com até 50 anos de idade (Musazadeh et al., 2023).
Em outro estudo, um ensaio clínico planejado realizado ao longo de 8 semanas com pacientes acima de 60 anos, faixa etária frequentemente afetada pela depressão, que pode causar insônia, perda de apetite e falta de energia, um grupo recebeu semanalmente 50.000 UI de vitamina D , enquanto o grupo de controle recebeu placebo. Ao final do acompanhamento, os pesquisadores observaram uma redução significativa nas pontuações de depressão no grupo que recebeu vitamina D, juntamente com o aumento dos níveis dessa vitamina. Em contrapartida, o grupo que recebeu placebo apresentou um aumento nas pontuações de depressão, indicando que a suplementação de vitamina D pode ter um impacto positivo na redução dos sintomas depressivos. (Roberto et al., 2023).
Referências:
PATRICK, Rhonda P.; AMES, Bruce N. Vitamin D and the omega-3 fatty acids control serotonin synthesis and action, part 2: relevance for ADHD, bipolar, schizophrenia, and impulsive behavior. The FASEB Journal, v. 29, n. 6, p. 2207-2223, 2015. Disponível em : https://faseb.onlinelibrary.wiley.com/doi/abs/10.1096/fj.14-268342.
CHENG, Ying-Chih; HUANG, Yu-Chen; HUANG, Wei-Lieh. The effect of vitamin D supplement on negative emotions: A systematic review and meta-analysis. 2020. Hob https://em.c.com/j/da.
MUSAZADEH, Vali; et al. Vitamin D protects against depression: Evidence from an umbrella meta-analysis on interventional and observational meta-analyses. Pharmacological Research, v. 187, 2023. Disponível em: https://doi.org/10.1016/j.phrs.2022.106605.
ROBERTO, ARTE.; OLIVEIRA, IP de.; Silva, Jr.; Goulart, dsn.; Marangoni, MM .; Pires, Ls .; Miranda, Tlm.; Corrêa, GCP.; Oliveira, Ea .; Rocha, CM. Depressão e deficiência de vitamina D. P.esquisa, Sociedade e Desenvolvimento , [S. l.] , v. 3, pág. E0112340509, 2023. doi: 0.33448/rsd-v12i3.40509. Disponível em: https://rsdjournal.org/index.php/rsd/article/view/40509 .